terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Conto Sem Nome - Possível Thriller de Espionagem


Algo que eu tinha imaginado como o começo erótico de uma história que deveria se tornar um suspense policial, mas não foi adiante...

Repetindo, algum conteúdo erótico.



Fábio suava e bufava compulsivamente. Não gemia em voz alta, pois temia as consequências de ser ouvido, mas a tentação era grande. O movimento constante e sincronizado era como um pistão lubrificado, de dar orgulho a qualquer mecânico. Mais tarde ele riria brevemente da comparação. Ela, por sua vez, se contorcia em silêncio, como que tentando escapar mas ao mesmo tempo procurando uma posição mais confortável. A respiração baixa e rápida, o corpo dela dançando como uma cobra sinuosa entre os lençóis. Ele também se lembraria dessa comparação posteriormente.

Ele forçava cada vez mais e mais rápido, sentindo que o momento se aproximava. O pensamento deve-lhe ter escapado, pois ela abriu-se ainda mais do que parecia possível e acelerou seu próprio vai e vem. Fábio sentiu o arrepio subir-lhe a espinha num raio e descer duas vezes mais rápido ao ponto de contato. Bufando como nunca, ele ergueu o tronco, como uma naja a aplicar o bote e estocou-a com toda a força, agora esquecido dos barulhos ou da senhoria no andar de baixo enquanto a cama se batia contra a parede. Num instante, ele se sentiu no topo de tudo.

E então acabou.

Alguns segundos arfantes se passaram antes que ela o empurrasse delicadamente, pedindo passagem. Ele saiu dela, rolando exausto para o lado enquanto ela caminhava para o banheiro, os quadris nus rebolando suavemente, os longos e lisos cabelos negros balançando às costas.

Fábio recuperava o fôlego e sorria em silêncio. Nunca fora um homem de grandes conquistas, embora não fosse exatamente a primeira vez que levava uma mulher que acabara de conhecer numa danceteria para a cama. Dessa vez, porém, sentia um orgulho tal qual um caçador após abater um perigoso e astuto predador. Imaginou rindo-se por um instante se deveria decapitar a moça e pendurar-lhe a cabeça empalhada na parede. Achou que os amigos talvez acreditassem se fizesse isso com a bunda dela.

Ouviu a descarga e em seguida a torneira. Imaginou se aguentaria uma segunda rodada daquilo, e mesmo cansado, desejou isso. Aguardou silenciosos minutos enquanto esperava que ela voltasse ao quarto. Descobriu perdida entre lençóis a calcinha de sua presa, pequena, mal parecendo que poderia conter as ancas que ainda há pouco cavalgara. Tinha um tom alaranjado berrante e pequenas rendas em torno das bordas. Admirou a peça como um joalheiro avaliando uma pedra única, e pensou que aquilo tinha algo de verdade.

A beldade se demorava demais no banheiro e ele pensou em chamá-la, mas manteve-se calado ao se dar conta que esquecera seu nome.

Que grande mico! Havia tomado algumas cervejas no bar, não o suficiente para dar vexame ou esquecer a noite toda, mas o suficiente para se atrapalhar. E em retrospecto, ele nem se lembrava de ter perguntado o nome dela. Bom, pensou, existe mais de um jeito de se chegar à Roma.

- Tudo bem por aí? Recuperou o fôlego? - achou que o comentário engraçadinho daria conta de retomar o papo, mas sentiu-se constrangido quando ela não respondeu. Só o barulho da água da torneira continuava.

-Ei, desculpe - repetiu Fábio enquanto se levantava e caminhava para o banheiro - só queria quebrar esse silêncio. Você está bem? - disse ele entrando no pequeno lavabo. O queixo baixou lenta e instintivamente. O banheiro estava vazio. O único movimento vinha da água corrente na pia e as cortinas que balançavam suavemente com o vento vindo do vitrô aberto.

Aonde ela tinha ido? Tinha certeza que ela não passou pela porta do banheiro. Olhou pelo vitrô aberto, pensando se ela poderia ter pulado a janela. Mas eles estavam no segundo andar, eram uns sete ou oito metros até a calçada. Rodou o pequeno apartamento, imaginando se a bebida o deixara distraído. Mas a porta de entrada continuava trancada por dentro, a chave pendurada na parede ao lado. Não a encontrou em lugar nenhum, somente suas roupas jogadas pelo quarto.

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